Descubra como as tendências de mercado podem mudar o rumo do seu negócio

As tendências estão aí, independente da área que você acompanha, e podem surgir de maneira macro e alcançar a massa; ou podem ser micro, chegando a apenas um grupo específico de pessoas. Independentemente de você, leitor, segui-las ou não, direcionam o consumo e movimentam o mercado. Querendo ou não, o mundo segue o que está em alta, seja com relação ao estilo, moda, beleza, alimentação, entre outros.

Dentro disso tudo, surge a questão: como as tendências de consumo surgem? Como os varejistas podem utilizar as informações das pesquisas de tendência em favor do negócio?

Antes de tudo, é preciso falar sobre o profissional que estuda e pesquisa a tendência, o Coolhunter, que, em tradução literal, seria algo como “caçador de coisas legais”. O termo surgiu por volta do ano de 1990, quando os primeiros profissionais da área começaram a aparecer. O trabalho é feito a partir de uma pesquisa, que pode ser encomendada por um setor específico ou feita de maneira independente para dar um panorama geral sobre quais serão as tendências demandadas pelos consumidores nos próximos anos.

Tendências de comportamentos de consumo podem e devem inspirar a criação de produtos e serviços
Jeff Avelino é pesquisador de mercado e explica que os profissionais dessa área estão sempre atentos às novas possibilidades, ou, como o próprio Jeff explicou, “estão sempre caçando o que está por vir, ou o que já está acontecendo e tem o potencial de explodir”.

Segundo o profissional, as pesquisas geralmente são encomendadas para prever tendências de futuro, cerca de quatro e cinco anos à frente do ano em que foi solicitada. Esse período é importante para avaliar tal previsão e para a empresa ou mercado começar a fazer as adaptações necessárias para que aquele novo movimento não seja feito de maneira brusca.

“Se a pesquisa prevê que daqui 20 anos, as pessoas não vão querer comer hambúrguer artesanal, a empresa ou o mercado não vai deixar para começar essa mudança só daqui há 20 anos, ele precisa começar essa mudança antes. Dessa maneira, quando chegar o momento, já vai ser referência do consumidor naquele segmento que vai substituir o consumo de hambúrgueres artesanais”, afirma Avelino.

Então, os coolhunters realizam essas previsões através de pesquisas, e ajudam principalmente as empresas, que necessitam conhecer esses movimentos comportamentais. Por outro lado, os levantamentos também são úteis para analisar como está o mundo e a economia, e, a partir dos resultados, governos e empresas podem se preparar para o que está por vir.

A WGSN, referência no mercado de previsão de tendências e de análise de mercado, produz desde estudos e previsões de consumo até questões mais comportamentais, buscando entender como será o comportamento do consumidor no futuro próximo e suas possíveis demandas. Em uma de suas recentes publicações, a pesquisa revela quatro perfis de consumidor que vão ditar os rumos do mercado no ano de 2025, com demandas que vão além do consumo e que estão muito mais pautadas na conscientização e sustentabilidade.

“Se a pesquisa prevê que daqui 20 anos, as pessoas não vão querer comer hambúrguer artesanal, a empresa ou o mercado não vai deixar para começar essa mudança só daqui há 20 anos, ele precisa começar essa mudança antes”.
Um dos perfis identificados é ‘neo-niilistas’, que são pessoas avessas à volatilidade do mundo atual. Esses consumidores estão buscando a felicidade e um novo sentido de propósito longe do mainstream. Os especialistas da WGSN dizem que para conquistar esse grupo é preciso mostrar que pensam e falam a mesma língua.

“Os neo-niilistas se interessam por ideias especulativas e gêneros criativos de fora do mainstream, como o capitalismo regenerativo, a cultura do caos, a ficção hopepunk (temas distópicos com um viés otimista) ou mesmo games e substâncias psicodélicas como forma de terapia. Para alcançá-los, você precisa mostrar que está no mesmo nível deles”, aconselham em relatório.

São informações desse tipo que as pesquisas de tendências trazem, e que funcionam como uma bússola para o negócio. Entretanto, Jeff Avelino acrescenta que as previsões são literalmente uma presunção, um palpite, porque, como ele mesmo diz, “é como uma previsão do tempo, o dia pode começar ensolarado, mas pode surgir um vento forte e virar o tempo”.

O que é uma tendência?
O especialista ressalta que a tendência é um comportamento e nunca um produto. “Por isso, é muito importante entender que, para chegar em um produto final, como por exemplo uma roupa, existiu todo um estudo de comportamento antes, para compreender o porquê deste produto final ser produzido e lançado”.

As tendências são feitas, ou seja, pesquisadas e analisadas, dentro de um período de 3 a 5 anos de antecedência – tempo que pode variar de acordo com a empresa de consultoria e é necessário para avaliar o mercado e o mundo afim de definir e identificar comportamentos praticados por grupos relevantes quantitativamente e qualitativamente.

Existem dois tipos de tendências: macro e as micro. A macrotendência é mais abrangente, tem ligação direta com a área comportamental e não é criada por uma empresa ou mercado, mas sim pelas pessoas, ou seja, é um movimento social. Um exemplo atual de macrotendência é o Barbiecore, um estilo de roupas, acessórios e comportamento inspirados na boneca Barbie.

Meme do Patolino vestindo pantalona tem feito sucesso no TikTok e movimentado o varejo
Imagens: reprodução da internet e C&A
Já as microtendências são uma evidência da macro, ou seja, uma manifestação de como a macrotendência acontece, seja por meio de um serviço ou produto. Normalmente, demoram mais para chegar nas massas, e esse período ocorre entre dois e três anos. Entretanto, o seu acesso pela população é mais fácil, pois pode ser encontrada em qualquer lugar.

Um exemplo de microtendência são as wide legs, ou as famosas “calças de shopping”, como são conhecidas do TikTok. A wide leg é uma calça com o corte mais reto, mas a sua modelagem na parte das pernas é mais ampla. O modelo tem feito sucesso na rede social chinesa, com as influenciadoras dublando um diálogo entre Patolino e Pernalonga – personagens do desenho Looney Tunes –, de um episódio de 2011. No trecho, Patolino aparece ao lado de Pernalonga dizendo que está usando uma ‘calça de shopping’ em sinal de respeito ao templo das compras, uma vez que o personagem sempre aparece sem roupa.

Para as lojas de jeans, participar dessa trend ou microtendência pode ser uma boa forma de engajar e atrair clientela e ainda movimentar o caixa. De acordo com estudo divulgado a plataforma LTK, rede de influenciadores, em julho deste ano, as gerações Z e Millennials concordam que os jeans skinny estão ficando para trás, sendo substituído pelos modelos com pernas longas e largas, ou seja, as tais wide legs.

O especialista em Tendências e Futuros é o convidado Varejo S.A. Podcast
Pesquisa de tendência: uma aliada do seu negócio!
Vivemos na era dos dados. A coleta de informações sobre os consumidores é uma ferramenta poderosíssima para entender melhor as demandas e as dores dos clientes e, dessa maneira, conseguir se adaptar para corresponder as necessidades dos consumidores, gerando uma experiência perfeita e convertendo para uma fidelização.

Entender a importância e o funcionamento dessa coleta é fundamental para que o seu negócio tenha sucesso. Para além dessa coleta que, o próprio lojista pode fazer, existem as pesquisas de tendência, que mostram previsões de como o mercado, mas principalmente, de como os consumidores vão demandar determinado setor a partir de uma tendência que vai dominar aquele momento, seja presente ou futuro.

O especialista e gerente de Tendências e Futuros da BOX1824, João Paulo Cordeiro, que é o convidado do episódio desta semana da Varejo S.A. Podcast, reforça que as tendências são importantes para os negócios e as empresas, porque podem nortear as tomadas de decisões.

“Quando pegamos toda essa informação e cruzamos, conseguimos trazê-la para o nosso contexto e desenvolver estratégias melhores e que funcionam para o seu negócio”, diz Cordeiro.

O especialista em Tendências e Futuros destrinchou as tendências de mercado e apontou algumas delas que os varejistas já deveriam estar de olho ou praticando, como a necessidade das lojas atuarem de maneira fluída e conectada nos espaços físicos e virtuais, o uso de máquinas e softwares para tornar o negócio mais eficiente e competitivo e o ingresso em marketplaces para alcançar a maior quantidade de pessoas sem investir tanto em marketing.

Edição: Fernanda Peregrino
Artes: Gabriella Tomaz

FONTE: Varejo S.A