POR: Alex Akira
A edição de agosto de 2025 do Panorama do Comércio, publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível
A edição de agosto de 2025 do Panorama do Comércio, publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível. O desempenho do comércio no primeiro semestre de 2025 confirma o que o setor já antecipava: crescimento ainda presente, mas em desaceleração frente ao ritmo registrado em 2024. De acordo com dados do IBGE, as vendas do varejo ampliado avançaram 0,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o comércio varejista restrito cresceu 1,8%. Apesar do resultado positivo, a perda de fôlego é evidente.
Na passagem de junho para julho, o setor registrou retração nas duas modalidades de medição do comércio, reforçando o cenário de desaquecimento. O movimento reflete diretamente o impacto da inflação persistente e da elevação dos juros, que encarecem o crédito e limitam o consumo de bens de maior valor.
Um ponto de sustentação da atividade econômica continua sendo o mercado de trabalho. Entre janeiro e junho, o país abriu 1,22 milhão de vagas formais, segundo o CAGED. O comércio respondeu por 90.876 novos postos de trabalho no período. Embora os números fiquem abaixo dos observados em 2024, o resultado mostra resiliência e dinamismo.
Dados do IBGE reforçam essa tendência: a taxa de desemprego recuou para 5,8%, o menor nível da série histórica. Além disso, houve queda na informalidade, o que sugere um mercado de trabalho mais estruturado. Especialistas apontam que mudanças regulatórias recentes, como a reforma trabalhista, podem ter estimulado esse movimento de formalização.
Inflação mais baixa gera expectativa de alívio nos juros
O mês de julho trouxe sinais positivos para a inflação. Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, os índices ficaram abaixo do previsto, o que reduziu a pressão sobre o dólar, cotado abaixo de R$ 5,40.
Se a tendência de desaceleração da inflação se confirmar, abre-se espaço para cortes nos juros básicos da economia brasileira nos próximos meses. Para o varejo, essa é uma condição essencial: a redução do custo do crédito pode destravar o consumo de bens duráveis e financiados, segmentos que mais sofrem com juros elevados.
Enquanto as perspectivas para a inflação apontam alívio, o mercado de crédito segue pressionado. O volume de empréstimos e financiamentos aumentou, mas com taxas de juros mais altas, refletindo o aperto monetário do Banco Central.
Esse quadro exige cautela em duas frentes: para os consumidores, significa avaliar com atenção prazos e custos antes de assumir novas dívidas; para os lojistas, reforça a importância da análise criteriosa de crédito e da busca por soluções que facilitem negociações sem comprometer a saúde financeira da empresa.
Olhando adiante
A combinação de emprego em alta, inflação em desaceleração e expectativa de corte nos juros pode criar um ambiente mais favorável ao consumo no segundo semestre. No entanto, o crédito caro e o endividamento das famílias continuam sendo fatores de risco.
O comércio, portanto, entra na segunda metade do ano equilibrando otimismo e prudência: há espaço para crescimento, mas as condições exigem gestão eficiente e estratégias voltadas à sustentabilidade das vendas.
Assista também ao vídeo abaixo com a especialista em Finanças da CNDL, Merula Borges, com a análise do Panorama do Comércio deste mês.
https://youtube.com/shorts/_6iDUrDreHA?feature=share
FONTE: Varejo S.A