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No Brasil desde março, a DE-CIX, maior operadora de Internet Exchange (IX) do mundo, fortalece o crescimento tecnológico ao redor do globo
Em um mundo cada vez mais digital, a capacidade de oferecer conectividade de alta performance tornou-se um diferencial estratégico para cidades que desejam se destacar na atração de empresas e talentos. O acesso à internet de qualidade, a baixa latência e a interconexão direta entre redes são fatores essenciais para impulsionar a economia digital e o desenvolvimento regional.
De acordo com Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX, operadora de Internet Exchange (IX) do mundo, a troca direta de tráfego entre redes reduz a latência, otimiza o desempenho dos aplicativos corporativos e reduz os custos de conectividade. “Cada milissegundo conta quando se trata de transferência de dados. A interconexão local permite caminhos mais curtos e seguros, além de fomentar um ecossistema digital competitivo e resiliente”, explica o executivo.
Com o lançamento dos pontos de troca de tráfego da Internet (IXs) em São Paulo e no Rio de Janeiro em março de 2025, o Brasil passa a ter acesso a um ecossistema de interconexão globalmente integrado. Pela primeira vez no país, dois IXs estão interconectados desde o primeiro dia, permitindo peering local e remoto em redes nacionais e internacionais. Por meio de conexões com a DE-CIX em Nova York, Lisboa, Madri, Frankfurt e outros, o Brasil agora faz parte do maior ecossistema de interconexão do mundo.
Cidades inteligentes
Nas últimas três décadas, cidades como Frankfurt, Amsterdã e Londres se transformaram em grandes centros digitais globais, atraindo data centers, redes e empresas de tecnologia. Nos Estados Unidos, cidades como Nova York e Dallas seguiram esse caminho, enquanto na Ásia, Cingapura, Tóquio e Xangai se destacaram.
Hoje, há uma segunda onda de desenvolvimento surgindo em mercados estrangeiros, onde pontos de troca de tráfego da Internet (IXPs) robustos estão transformando a economia digital local. Um exemplo notável é o UAE-IX, operado pela DE-CIX em Dubai (Emirados Árabes Unidos). Desde sua implementação, a latência de 200 ms foi reduzida para apenas 3 ms, os custos de trânsito de IP caíram 98% e isso impulsionou a instalação de data centers e serviços em nuvem na região.
“A transformação em Dubai fala por si só: o resultado foi um aumento de 35% no PIB não petrolífero dos Emirados Árabes Unidos, bem como um aumento de 700% na instalação de sedes globais para empresas internacionais”, ressalta Ivanov.
Novos polos digitais
medida que a transformação digital acelera, até mesmo regiões menos urbanizadas estão investindo em IXPs locais para garantir conectividade de baixa latência e oferecer suporte a aplicativos modernos. O crescimento desses hubs atraem mais data centers, empresas e equipes de alto desempenho, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Nesse cenário, o papel do Brasil no mercado latino é fundamental para o desenvolvimento local.
Estudos da OCDE já apontam o acesso à Internet como um dos critérios para medir a atratividade de uma cidade para profissionais qualificados. Para os nômades digitais, pessoas que trabalham remotamente sem depender de um escritório fixo, as conexões rápidas e acessíveis estão entre as prioridades na escolha de um destino. As empresas, por outro lado, avaliam não apenas a infraestrutura e as regulamentações de transporte, mas também a disponibilidade de talentos e a conectividade de alto desempenho para processos digitais.
“Os próximos anos serão decisivos. Os mercados que investirem agora em interconexão local terão vantagem competitiva na atração de empresas de tecnologia, talentos e inovação”, explica Ivanov. “A economia digital é a base do crescimento futuro. Está claro que as cidades que se dedicarem à interconexão terão uma vantagem competitiva no esforço global para atrair investimentos e colaboradores qualificados”, acrescenta.
FONTE: Varejo S.A