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POR: Alex Akira
O Banco Central lança neste mês de setembro de 2025 a funcionalidade que permite dividir pagamentos via Pix com juros e repasse imediato ao vendedor
A inovação do Pix Parcelado, anunciada pelo Banco Central (BC), está prestes a transformar o varejo brasileiro. A partir deste mês de setembro de 2025, consumidores poderão parcelar pagamentos via Pix, mesmo sem cartão de crédito, enquanto o lojista recebe o valor inteiramente no ato da transação. Trata-se da incorporação da conveniência do Pix com a flexibilidade do crédito parcelado, tudo dentro do arranjo regulamentado pelo BC.
Segundo o Banco Central, a modalidade permitirá que o consumidor escolha, no momento da transação, parcelar o pagamento em condições definidas pela sua instituição financeira, incluindo quantidade de parcelas e taxa de juros. Ao mesmo tempo, o recebedor recebe o valor total instantaneamente. Além disso, essa funcionalidade será padronizada pelo autarquia federal, evitando a fragmentação e falta de clareza observada em versões anteriores oferecidas por fintechs individualmente.
Vantagens para o varejo
A expectativa é de que esta funcionalidade funcione para qualquer tipo de transação Pix, inclusive transferências, e seja disponibilizada tanto para consumidores quanto para lojistas. Alguns pontos, muito relevantes com sólida base estratégica e mercadológica, podem ser destacados:
- Liquidez imediata para o lojista: diferente do cartão de crédito parcelado, onde o lojista pode demorar até 30 dias para receber a primeira parcela, no Pix Parcelado o valor é transferido à vista para o comerciante.
- Acesso ampliado para consumidores sem cartão de crédito: consumidores que não possuem limite suficiente em cartão de crédito ou preferem não comprometer o limite podem usar a nova modalidade, tornando o pagamento parcelado mais inclusivo.
- Redução de custos operacionais: as taxas cobradas pelos bancos no Pix Parcelado tendem a ser menores do que as taxas tradicionais de adquirência (maquininhas), reduzindo o custo as despesas do lojista.
- Facilidade de adoção: o Pix já amplamente aceito, assim, a nova vertente não exige grande mudança nos sistemas de pagamento existentes.
- Estímulo ao consumo: ajuda a remover barreiras para compras de maior valor, incentivando o consumo em momentos de limitação de orçamento.
Estas vantagens se alinham com o objetivo declarado pelo BC de expandir o uso do Pix em compras de maior valor e atingir o público hoje excluído, como as 60 milhões de pessoas sem cartão de crédito.
Benefícios para o consumidor
Do ponto de vista do consumidor, o Pix Parcelado pode se transformar em uma importante porta de acesso ao crédito. A modalidade oferece novas possibilidades de compra, especialmente para quem não possui cartão de crédito ou prefere não comprometer o limite disponível.
A grande vantagem é a acessibilidade: milhões de brasileiros que hoje não têm cartão poderão parcelar suas compras de forma prática e rápida, diretamente no aplicativo do banco ou fintech. Além disso, mesmo para quem possui cartão, o Pix Parcelado surge como alternativa complementar, ajudando a preservar limites de crédito para outras finalidades.
Outro benefício é a transparência no processo. O consumidor visualiza, no momento da transação, as condições de parcelamento, incluindo juros, número de parcelas e valor final, o que permite maior controle e previsibilidade.
Por fim, a modalidade simplifica a vida do consumidor: em vez de depender de maquininhas ou contratos separados, tudo é feito pelo ambiente digital do Pix, já amplamente utilizado por 75% da população, segundo dados do Banco Central.
Riscos e desafios
Apesar do grande potencial do Pix Parcelado, a modalidade não está isenta de pontos de atenção. O Banco Central e especialistas do setor ressaltam que, como todo instrumento de crédito, ela precisa ser usada de forma responsável, sob risco de gerar impactos financeiros indesejados para consumidores e lojistas.
Um dos principais riscos é o custo para o consumidor. As parcelas poderão ter juros aplicados pelas instituições financeiras, cujo valor final pode variar consideravelmente. Isso pode tornar o parcelamento via Pix menos vantajoso do que o cartão de crédito tradicional em algumas situações, sobretudo quando este oferece opção sem juros.
Outro desafio é o risco de endividamento. Em um país em que, segundo pesquisas da CNDL, mais de 70 milhões de pessoas já convivem com dívidas em atraso, a facilidade de parcelar diretamente pelo Pix pode levar a compras impulsivas e comprometer ainda mais o orçamento das famílias.
Além disso, o Pix Parcelado chega para competir com modalidades já consolidadas, como os cartões de crédito e crediários. Isso exigirá adaptação e divulgação por parte dos lojistas para que a ferramenta seja bem compreendida pelos clientes. Por fim, há também a questão regulatória: como cada instituição define suas próprias condições, o desafio do Banco Central será garantir clareza e padronização, evitando confusão no mercado.
Portanto, embora promissor, o Pix Parcelado carrega riscos que só poderão ser mitigados com educação financeira, regulação transparente e uso consciente. Esse é o equilíbrio que definirá se a novidade será uma solução de inclusão ou mais um vetor de endividamento.
FONTE: Varejo S.A